Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP

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Informações sobre PrEP

Esteja protegido contra a infecção pelo HIV!

 

PrEP é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV.

Significa tomar medicamento anti-HIV de forma programada para evitar a infecção pelo HIV caso ocorra uma exposição. É um método de prevenção ao HIV disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS) desde janeiro de 2018.

Nesse texto, você poderá tirar suas dúvidas para refletir se a PrEP é para você.


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O que é PrEP?
 

PrEP é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV. 

A PrEP consiste no uso de medicamento anti-HIV de forma programada para evitar uma infecção pelo HIV. Inicialmente aprovada no Brasil para o uso diário e contínuo do medicamento, desde 2022 também é possível tomá-la na modalidade “sob demanda”. Caso haja uma exposição (situação de risco), o medicamento não permite que o HIV se instale no organismo.

Atualmente, só há um produto aprovado para PrEP no país, que é um medicamento 2 em 1 (tenofovir e entricitabina). A palavra “profilaxia” significa prevenção. A sigla PrEP vem do inglês (Pre-Exposure Prophylaxis).

Não se deve confundir a PrEP com a PEP (profilaxia pós-exposição). A PEP é o uso de uma combinação de medicamentos anti-HIV (tenofovir + lamivudina + dolutegravir) em caráter de urgência, APÓS uma situação de risco, por somente 28 dias, e já está disponível no Brasil há anos. Já a PrEP é o uso programado, ou seja, a pessoa começa a tomar ANTES da próxima exposição e toma por um tempo indefinido que depende de vários fatores (veja abaixo). Os medicamentos usados na PrEP e na PEP são diferentes.

 

Tem PrEP no Brasil?

 

A PrEP é usada nos Estados Unidos desde 2012 e depois adotada por diversos outros países, como França, Reino Unido, Portugal, Quênia, Peru e Austrália. A PrEP começou a ser utilizada no Brasil em projetos de Pesquisa oferecida no Sistema Único de Saúde em 2018, de forma gradual.

No Brasil, já havia pessoas utilizando a PrEP em pesquisas (PrEP Brasil, Projeto Combina, etc.) cujo objetivo foi preparar o SUS para oferecer o método. Também há pessoas que já utilizam a PrEP por meio de serviços privados de saúde. Inicialmente liberada apenas para uso em maiores de 18 anos, em 2022 passou a ser autorizada sua prescrição para adolescentes maiores de 15 anos.

 

Como funciona?

 

A medicação 2 em 1 usada para PrEP (tenofovir e entricitabina) foi originalmente usada para o tratamento de pessoas com HIV, e ainda é usada para isso. Com o tempo, diversos estudos mostraram que essa medicação poderia proteger pessoas que não tinham o HIV, evitando que elas se infectassem. Essa proteção já havia sido observada quando os medicamentos anti-HIV eram usados em gestantes infectadas para evitar a transmissão do vírus para o bebê.

Assim, os medicamentos de PrEP funcionam bloqueando alguns “caminhos“ que o HIV usa para infectar o organismo. Se você tomar PrEP corretamente, a medicação pode impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe em seu corpo. Mas se você não estiver tomando os comprimidos certinho, pode não haver quantidade suficiente do medicamento no seu sangue para bloquear o vírus.

  

Por que usar?

 

Para cada pessoa há uma maneira de viver a sexualidade, de transar e também estratégias próprias para prevenir o HIV.

Algumas pessoas preferem utilizar o preservativo durante as relações sexuais, outras evitam a penetração no ânus ou na vagina. Há aqueles que fazem o teste anti-HIV a cada seis meses e combinam com seus parceiros estáveis como se prevenir com outras pessoas.

Entre os diversos métodos disponíveis, a PrEP é o mais recente. Pode ser muito útil para quem tem alguma dificuldade com o preservativo, ou mesmo associado a outras estratégias – é o que chamamos hoje de “prevenção combinada”.

Há diversos motivos pelos quais uma pessoa não usa preservativo em 100% das suas relações sexuais. Ela pode ter dificuldade em ter prazer ou mesmo uma ereção. Ela pode ainda perder o controle da situação quando está sob efeito de álcool ou outras drogas. Às vezes, a pessoa não consegue exigir o preservativo do parceiro, seja por estar vivendo um período de baixa autoestima ou com questões de saúde mental, seja por estar numa relação em que ela tem menos poder de diálogo ou negociação com o parceiro.

Independentemente do motivo, a PrEP é uma opção para essas pessoas. Com a PrEP, a prevenção ao HIV não dependerá mais da colaboração do parceiro e, diferentemente do preservativo, não precisará ser colocada em prática na hora do sexo – momento em que decisões podem ser mais difíceis.

Para pessoas que conseguem usar o preservativo na maior parte das relações sexuais, a PrEP acaba funcionando bem em “cobrir” as situações de falha no uso do preservativo. Ou seja, o uso combinado dos dois métodos – simultâneos ou não – ao longo da vida sexual da pessoa acaba garantindo uma proteção ótima contra o HIV.

A PrEP não protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e gravidez, mas já pode significar um grande benefício ao evitar pelo menos o HIV. Além disso, usar PrEP significa estar em acompanhamento médico regular (ver abaixo).

 

Quem pode usar?

 

Podem usar PrEP pessoas de ambos os sexos, a partir de 15 anos, com peso corporal igual ou superior a 35 kg, sexualmente ativas e que apresentem contextos de risco aumentado de aquisição da infecção pelo HIV. Algumas populações (chamadas de segmentos populacionais-chave) têm um risco acrescido para infecção pelo HIV, como homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans (mulheres transexuais, travestis, homens trans e pessoas não-binárias); profissionais do sexo ou pessoas que eventualmente recebam dinheiro ou benefícios em troca de serviços sexuais; pessoas que estejam se relacionando com uma pessoa vivendo com HIV (casais sorodiferentes). Mas pertencer a esses grupos não implica em exposição frequente ao HIV. Para essa definição, é necessário observar as práticas e parcerias sexuais da pessoa, a sua dinâmica social e os contextos específicos associados a um maior risco de infecção. Portanto, devem também ser considerados outros indicativos, tais como:

  • Repetição de práticas sexuais anais ou vaginais com penetração sem o uso de preservativo;
  • Frequência de relações sexuais com parcerias eventuais;
  • Quantidade e diversidade de parcerias sexuais;
  • Histórico de episódios de IST;
  • Busca repetida por PEP;
  • Chemsex: prática sexual sob a influência de drogas psicoativas (metanfetaminas, gama-hidroxibutirato – GHB, MDMA, cocaína, poppers) com a finalidade de melhorar ou facilitar as experiências sexuais.

 

Quem NÃO pode usar a PrEP?

 

Apenas 2 situações impedem o uso da PrEP: ter um teste REAGENTE para HIV (significa que você já vive com o HIV e precisa iniciar seu tratamento) e ter um exame da função renal alterada (clearance de creatinina abaixo de 60ml/min).

 

Já foi testada?

 

 Sim, diversos estudos desde 2010 mostraram que a PrEP reduz o risco de contrair o HIV. PrEP foi testada em vários estudos com homens cisgêneros* héteros, bi e gays, mulheres cisgêneras* héteros, e mulheres trans e travestis. 

Todas as pessoas nestes estudos: fizeram teste de HIV no início da pesquisa para ter certeza de que não estavam infectados pelo HIV; concordaram em tomar um comprimido de PrEP diariamente;  receberam orientações sobre sexo seguro; foram testados regularmente para infecções sexualmente transmissíveis (IST) e receberam preservativos regularmente.

A redução do risco usando a PrEP depende diretamente da adesão ao medicamento, ou seja, se o remédio é tomado corretamente. No primeiro estudo, o iPrEx, os homens gays e bissexuais e mulheres trans e travestis que receberam PrEP tiveram, em média, 44% menos chances de adquirir a infecção pelo HIV. Entre os que fizeram exames que comprovaram que as pessoas estavam tomando o medicamento, a redução do risco foi de 95%.

No estudo Partners PrEP, com casais heterossexuais em que um parceiro tinha infecção pelo HIV e o outro não (casais sorodiferentes), aqueles que receberam PrEP tiveram 75% menos chance de serem infectados. No estudo PROUD, com homens cisgêneros* gays e bissexuais, a redução do risco de aquisição foi de 86%.

O efeito da PrEP também foi avaliado no estudo IPERGAY em esquema sob demanda, isto é, com uso do medicamento antes e após a exposição, ao invés do tradicional esquema de uso diário/contínuo. Nesse cenário, observou-se redução de 86% no risco de aquisição do HIV, mesmo com uso de menor número mensal de comprimidos.

*Cisgênero é quando a pessoa se identifica com o gênero que lhe foi atribuído quando nasceu. Transgênero ou trans é quando a pessoa não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído quando nasceu.

 

 

Como deve ser tomada?

 

Existem duas possibilidades, a depender de características individuais: o uso diário, ou o uso sob demanda.

O uso diário consiste no uso de 1 comprimido via oral 1 x/dia – pode ser usado por qualquer pessoa e deve ser a escolha para pessoas com frequência sexual maior.

O uso sob demanda implica no uso de medicação apenas quando o usuário sabe que vai ter uma potencial situação de exposição sexual – neste caso, deve utilizar 2 comprimidos de 24 a 2 horas antes da relação sexual, seguido de 1 comprimido 24 horas e outro comprimido 48 horas após a 1ª dose (por isso também é conhecida como “PrEP 2+1+1”). Esta modalidade é a indicada para homens cisgêneros heterossexuais, bissexuais, gays e outros HSH, pessoas não binárias designadas como do sexo masculino ao nascer, e travestis e mulheres transexuais - que não estejam em uso de hormônios à base de estradiol – e com uma frequência sexual mais baixa (máximo de 1-2 vezes por semana). Portanto, a PrEP sob demanda não pode ser usada por mulheres cisgênero ou travestis e mulheres transgênero em uso de hormônios à base de estradiol.

 

Quando ela começa a fazer efeito?

 

Mulheres cisgênero, pessoas trans ou não binárias designadas como sexo feminino ao nascer, e qualquer pessoa em uso de hormônio a base de estradiol, que façam uso de PrEP oral diária, devem tomar o medicamento por pelo menos 7 (sete) dias para atingir níveis de proteção ideais. Antes dos sete dias iniciais de introdução da PrEP, outras medidas adicionais de prevenção devem ser adotadas.

Homens cisgêneros, pessoas não binárias designadas como do sexo masculino ao nascer, e travestis e mulheres transexuais - que não estejam em uso de hormônios à base de estradiol - e que usem PrEP, seja ela diária ou sob demanda, devem tomar uma dose de 2 (dois) comprimidos de TDF/FTC de 2 a 24 horas antes da relação sexual para alcançar níveis protetores do medicamento no organismo para relações sexuais anais. Ressalta-se que os estudos de PrEP sob demanda não apresentam evidências de proteção para relações sexuais (neo)vaginal receptivas.

 

Como é o acompanhamento?

 

Se você achar que tem um alto risco para adquirir o HIV, converse com um profissional de saúde sobre PrEP. Se você e o profissional concordarem que a PrEP pode lhe ajudar a se prevenir, será necessário fazer o teste de HIV, exames de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e checar se seus rins e fígado estão funcionando bem, por meio de exames laboratoriais. Se estes exames estiverem em boas condições, você poderá usar PrEP.

Usar PrEP vai demandar que você faça visitas regulares ao serviço de saúde, realize exames de acompanhamento para ver os efeitos da PrEP no seu organismo e busque sua medicação a cada três ou 4 meses. Você deve tomar o medicamento como prescrito e os profissionais de saúde irão orientá-lo sobre a melhor maneira de lembrar de tomá-lo regularmente. Informe-os se você tiver problemas para lembrar de tomar o medicamento ou se você quiser parar de usar PrEP.

 

Posso parar de usar preservativo?

 

Se for tomada corretamente, a PrEP é muito segura para proteger da infecção pelo HIV. Mas ela não protege de gravidez e de outras infecções sexualmente transmissíveis, tais como sífilis, clamídia, gonorreia, hepatites e infecção por HPV. Você poderá ter uma maior proteção contra o HIV e outras infecções sexuais se tomar PrEP diariamente e usar preservativos durante as relações sexuais.

Se você não utilizar camisinha em alguma das suas relações é importante que observe o surgimento de qualquer sintoma ou sinal que indique uma possível infecção sexualmente transmissível, como um corrimento, verrugas, feridas ou ardência no pênis, vagina, ânus ou na boca. Se notar algo diferente, é melhor ir ao médico o mais rápido possível para evitar que uma possível doença se agrave e que você transmita a doença para alguma parceria sexual. É importante também utilizar um método anticoncepcional.

 

Tem que tomar para sempre?

 

Não. Há vários motivos para parar de tomar a PrEP. O principal é se o risco de se infectar pelo HIV diminuir por causa das mudanças que ocorrem em sua vida e você achar que não tem mais sentido tomar PrEP, como mudanças na vida sexual ou no status de relacionamento.

Além disso, você pode não querer mais tomar um comprimido todos os dias e avaliar que há outros métodos de prevenção que funcionem melhor para a sua realidade. É possível que você venha a apresentar efeitos colaterais da medicação que atrapalhem seu dia-a-dia e/ou que persistam após os meses iniciais de uso.

Independentemente do motivo para deixar de tomar a PrEP, é importante que você converse com o profissional de saúde que te acompanha antes de tomar essa decisão, pra que isso seja feito de maneira segura, sem riscos de infecção pelo HIV.

 

É uma vacina?

 

Não, quando você toma uma vacina o seu organismo é estimulado a desenvolver uma proteção que evita adquirir a doença. Quando você toma uma vacina, ela pode te proteger por muito tempo ou mesmo a vida inteira.

A PrEP funciona de forma diferente. A proteção é fornecida pelo medicamento que você toma - se você deixa de tomar o medicamento corretamente, ele deixa de funcionar e te proteger contra o HIV.

 

É segura? Tem efeito colateral?

 

A frequência de efeitos colaterais da PrEP é baixa.

Nos ensaios clínicos disponíveis, eles foram semelhantes no grupo de intervenção e no grupo placebo, e boa parte deles se resolveu após os primeiros meses de uso . Efeitos colaterais como náusea, cefaleia, flatulência, amolecimento das fezes/diarreia e edemas são transitórios e pode-se usar medicamentos sintomáticos para a resolução dos sintomas. Há também efeitos colaterais de longo prazo. Houve casos raros em que a PrEP causou danos aos rins. Nessas situações, o uso do medicamento foi suspenso para que os rins voltassem a funcionar normalmente. Por isso, para prevenir efeitos renais mais graves, os usuários de PrEP devem realizar exames periodicamente.

Há dados que mostram que uma das drogas usadas na PrEP, o tenofovir, pode enfraquecer os ossos nas pessoas que o utilizam para tratamento do HIV. No entanto, nenhum estudo demonstrou que as pessoas que o usam para PrEP tenham problemas com fraturas patológicas (quando o osso quebra em situações em que não deveria quebrar). Portanto, não são necessários exames de ossos.

 

Onde posso saber mais?
 

Disque DST-Aids: 08000-16 25 50

Conversaria Sem Tabu

Facebook (responde Inbox)

WhatsApp: (11) 99130-3310

 

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