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Emílio Ribas lista oito crenças erradas que podem gerar 'superbactérias'

 Uso de antibióticos não deve ser banalizado e prescrição precisa ser seguida à risca, alerta especialista

         O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, hospital da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo referência nacional em doenças infectocontagiosas, faz um alerta sobre oito crenças erradas sobre o uso de antibióticos (veja lista abaixo). A utilização equivocada deste tipo de medicação é considerada uma das principais causas da onda de ¿superbactérias¿ pelo mundo.

         Segundo Rosana Richtmann, médica infectologista do instituto, apesar das restrições recentes, o uso indiscriminado de antibióticos tem trazido grande preocupação à comunidade médica. As "superbactérias" são versões mais poderosas de bactérias já conhecidas, que ganham resistência aos antibióticos. Isso porque as bactérias sofreram mutações que as tornaram imunes a alguns antibióticos, que tiveram o uso banalizado foram utilizados frequentemente de forma equivocada (quando o paciente suspende o tratamento antes da hora, por exemplo).

         "Um relatório da Organização Mundial de Saúde apontou que estamos vivendo a era pós-antibiótico, em que as pessoas estão morrendo de infecções simples, que eram tratáveis há décadas. Novas drogas têm sido desenvolvidas, mas elas não serão capazes de resolver o problema por si só", diz a especialista.

         Segundo Rosana, a exigência da prescrição médica para a comercialização de antibióticos no Brasil foi um avanço, mas é preciso que haja uma mudança de mentalidade. Há três anos o país tornou obrigatória a exigência da receita médica para a venda de antibiótico, e desde janeiro deste ano as farmácias passaram a ser obrigadas a ter um banco de dados do paciente e da medicação vendida.

         "As pessoas creem, em muitos casos, que o antibiótico é a solução para tudo. Mas o antibiótico, na verdade, é uma medicação muito forte e que pode causar sérios danos à saúde, se não for usado de forma adequada".

         De acordo com a médica, o uso errado do antibiótico fortalece as bactérias e torna muito mais complexo e demorado o seu controle, podendo levar até à morte. Além disso, a medicação, quando ministrada sem respeitar a prescrição, pode causar gastrite, danos ao fígado e aos rins, infecção sanguínea e reações alérgicas (choque anafilático), dentre outros problemas.


As oito crenças erradas sobre antibióticos, que podem gerar superbactérias:


1)      Estou doente, logo preciso de um antibiótico.
Os antibióticos são necessários apenas para o tratamento de infecções causadas por bactérias como inflamação na garganta, infecção de ouvido ou relacionadas à urina, por exemplo.  A utilização deve ser, obrigatoriamente, prescrita por um médico.

2)      Gripes e resfriados só saram com antibiótico.
Tanto gripes quanto resfriados são causados por vírus, e não por bactérias. Os antibióticos não têm efeito sobre essas doenças. A única exceção pode acontecer caso o paciente desenvolva especificamente uma complicação que resulte em infecção bacteriana como a pneumonia.

3)      Se o médico não prescrever um antibiótico, é melhor pedir
Jamais pressione o seu médico para prescrever um antibiótico. Deixe-o a vontade para tomar sua decisão de forma profissional e ética. Há um movimento mundial liderado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para que se mude a forma de produzir e prescrever antibióticos e, assim, não se perder as armas da saúde pública no combate às bactérias, devido à banalização desse tipo de medicamento.

4)      Se o médico prescreve antibiótico, posso ficar tranquilo portanto.
Se o seu médico prescreve um antibiótico, você está com uma infecção. Ainda assim, tente sempre ficar bem informado sobre o seu quadro e a real necessidade deste tipo de medicação. Não se acanhe em perguntar ao médico por que ele está prescrevendo um antibiótico e por que ele é necessário no seu caso.

5)      Estou bem melhor, por isso vou interromper o tratamento no meio.
A medicação deve ser utilizada rigorosamente como o médico prescreveu, tanto em número de doses, quanto na concentração e no número de dias. Jamais se deve interromper um tratamento com antibióticos antes da hora. Mesmo que os sintomas tenham melhorado, as bactérias ainda não foram eliminadas e a doença pode voltar com ainda mais força.

6)      Vou tomar o antibiótico depois do horário previsto porque o efeito é o mesmo.
É importante saber que o intervalo entre as doses é sempre calculado de     forma a manter a concentração adequada na corrente sanguínea do paciente. Uma dose ingerida depois do horário prescrito pode gerar a volta dos sintomas. Mas também não adianta tomar antes do horário, pois a concentração irá ficar alta demais e você pode ter intoxicação.

7)      Sobrou antibiótico do meu tratamento, então vou guardar para a próxima vez que eu ficar doente.
Jamais faça isso. Se você cumprir a prescrição toda, dificilmente irá sobrar medicação. Se ainda assim, houver sobra, você não deve guardar. Apesar de ser você e de serem os mesmos sintomas, a prescrição médica não será necessariamente a mesma. Somente uma nova avaliação poderá indicar se existe a real necessidade de antibiótico, qual deles e em qual quantidade.

8)      Se sobrou medicação e alguém sofre com o mesmo problema, posso ajudá-lo doando o que sobrou.
Tomar remédio sem prescrição é um erro grave, e com antibióticos o perigo é ainda maior. Antibióticos podem causar doenças e podem afetar as bactérias "boas" que existem naturalmente no nosso corpo. Você deve abrir as caixinhas e eliminar o conteúdo, caso haja sobra. A automedicação é um erro, ainda mais quando se fala em antibiótico. A receita médica é sempre pessoal e intransferível.

Publicado por Assessoria de Imprensa em

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