Mulheres esperam sentir dor para trocar prótese de silicone
A popularização da cirurgia plástica no Brasil, iniciada em
meados da década de 80, colocou o País nos dias de hoje no segundo lugar
do ranking mundial de plásticas. Passados mais de vinte anos, um
crescente e necessário movimento nos consultórios médicos tem sido
registrado: mulheres que voltam à mesa cirúrgica para trocar as próteses
de silicone.
De acordo Alexandre Mendonça Munhoz, cirurgião
plástico do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de
Estado da Saúde, as próteses mais antigas tinham uma meia vida calculada
em torno de 8 a 10 anos. "Passado esse tempo, seria necessário trocar;
uma vez que o rompimento assintomático é significativo", informa. Apesar
da necessidade, grande parte das mulheres só busca a troca após ter
algum tipo de problema. "Endurecimento do seio, assimetria e dor são as
principais causas que as levam a procurar o médico novamente", explica
Munhoz.
A possível ruptura da prótese também pode acarretar em
sérias complicações. "Quando a prótese se rompe, podem ocorrer
inflamações crônicas do tecido muscular e glandular", adverte o médico.
Segundo ele, além do vencimento do prazo das próteses mais antigas, as
pacientes devem prestar atenção a qualquer sinal de alteração estética.
A
cirurgia de troca da prótese antiga repete a mesma cicatriz da cirurgia
original e requere o mesmo pré-operatório, com exames laboratoriais e
de imagem. A anestesia pode ser local, acompanhada de sedação e a
cirurgia dura entre 40 minutos e uma hora. Os cuidados pós-cirúrgicos
também são os mesmos, com 10 a 15 dias de repouso, mantendo os braços
junto ao corpo e sem dormir de bruços nos primeiros 60 dias.
As
próteses mais recentes apresentam durabilidade maior, 15 a 20 anos, mas
também têm prazo de validade. Isso ocorre porque como é um material
sintético a prótese sofre um desgaste e envelhecimento natural.
Arrependimento
De
acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, somente no ano
de 2004 foram realizados 91.793 implantes de silicone no País. Apesar do
alto número e da grande satisfação entre as mulheres que se submeteram à
cirurgia, algumas pacientes procuram seus médicos não para trocar, mas
para tirar a prótese. Dependendo do tamanho do implante, é possível que a
pele - esticada durante anos pela presença do silicone - fique flácida
ou caída após a remoção. "A correção, que envolve a suspensão mamária,
pode resultar em uma cicatriz maior a depender do grau de flacidez da
pele", alerta Alexandre Munhoz.