Mulheres com alto risco para câncer de mama recebem acompanhamento especial
Cuidados especiais e
acompanhamento diferenciado podem prevenir mulheres, pertencentes a um
grupo de risco, de desenvolver o câncer de mama. Em vez de uma visita
anual ao ginecologista, como é a orientação geral dada pelos médicos,
mulheres com histórico familiar da doença devem receber um
acompanhamento mais rigoroso.
De
acordo com José Roberto Filassi, chefe do setor de Mastologia do
Hospital das Clínicas da FMUSP e do Instituto do Câncer, uma parceria
entre as duas instituições, ligadas à Secretaria de Estado da Saúde,
está assegurando atendimento diferenciado a essas mulheres. "A triagem é
feita no HC, onde o especialista avalia o risco de acordo com as
informações fornecidas pelas próprias pacientes. Quando detectado o alto
risco, elas são encaminhadas ao Instituto do Câncer, onde passam pelo
Ambulatório de Condutas Especiais para Alto Risco em Câncer de Mama",
informa.
A responsável pelo Ambulatório do Icesp, Angela
Trinconi, destaca que cerca de 1% a 2% da população feminina necessita
de maior vigilância para prevenção desse câncer. "São consideradas de
alto risco: mulheres com dois ou mais parentes de primeiro ou segundo
grau que tiveram câncer de mama, e mulheres que têm parentes jovens de
primeiro grau com a doença", observa a especialista. Também fazem parte
do grupo de risco, mulheres com histórico de câncer de ovário ou que
têm histórico de câncer de mama em homens na família, além de pacientes
com biópsia de mama que apresentem alterações atípicas nas células
obtidas.
Segundo Filassi,
mulheres que possuem uma ou mais dessas características devem buscar um
encaminhamento médico do SUS ao Serviço de Ginecologia e Mastologia do
HC. Com o encaminhamento em mãos basta se dirigir à sala 10.116 do
Instituto Central do HC, em qualquer dia da semana, às 12 horas, para
ser feita a triagem.
Ainda que
não tenham desenvolvido a doença, as pacientes encaminhadas ao
Ambulatório são submetidas a exames físicos a cada quatro ou seis meses.
Elas também fazem exames de imagens com uma freqüência maior do que a
indicada para mulheres sem risco aumentado.
Além da
vigilância, as participantes do programa recebem medidas preventivas,
como o uso de substâncias que bloqueiam os receptores de estrogênio no
corpo - quimioprevenção - e até mesmo cirurgias redutoras de risco que
consistem em retirar a glândula mamária ou ovários para casos
selecionados. "Estas cirurgias podem reduzir em mais de 90% a chance de
ocorrência do câncer de mama em pacientes de alto risco", explica Angela Trinconi.
Atualmente,
o Ambulatório de Condutas Especiais para Alto Risco em Câncer de Mama
acompanha 270 mulheres com risco aumentado para câncer de mama.