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Incompreensão dos colegas afasta jovens com paralisia cerebral das aulas de educação física

Mãe de uma criança de 13 anos com paralisia cerebral, a dona de casa Silvana Ribeiro traz sua filha às quintas-feiras ao Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, não para a realização de exames ou consultas, mas para  praticar esportes. As atividades fazem parte do programa de Terapia Esportiva, voltado a pacientes com paralisia cerebral, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC (IOT).

De acordo com Silvana Ribeiro, sua filha não costuma fazer aulas de educação física na escola. "Quando ela quer participar, ou os colegas não deixam ou ela não se sente à vontade", comenta. Para o coordenador do Programa, André Pedrinelli, portadores de paralisia cerebral podem e devem fazer atividade física. "Para mantê-los em atividade, porém, é preciso ter criatividade e fazer adaptações que tornem as práticas interessantes a elas e aos colegas", observa.

O supervisor da Terapia Esportiva, Felix Andrusaitis, relata que 35% dos pacientes que participam das atividades do HC deixam de fazer as aulas escolares por vergonha, ou por não serem aceitos pelos colegas. "Aqui no HC eles encontram seus pares e ficam mais soltos. Isso é fundamental para o desenvolvimento social", explica. Como exemplo, ele cita um jovem que começou a freqüentar a terapia esporadicamente, porque tinha dificuldade em arrumar um cuidador para trazê-lo. "Aos poucos, ele começou a ganhar independência motora e a vir sozinho. Agora, está aqui há uns dois anos e já freqüenta outros lugares sozinho. É uma questão de estímulo".

As atividades físicas do HC são realizadas na quadra poliesportiva da AAAOC. A equipe multidisciplinar é formada por  ortopedistas, médicos residentes de medicina esportiva do IOT,  professores de educação física,  fisioterapeutas,  assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, auxiliares de enfermagem, psicólogas, fonoaudiólogas e voluntários. "A terapia esportiva é uma complementação do tratamento hospitalar", enfatiza André Pedrinelli.

Durante as aulas, movimentos que seriam impossíveis de serem vistos dentro de um ambiente como um consultório podem ser observados pelos diferentes olhares da equipe multidisciplinar. Num espaço onde é possível correr, utilizar bolas ou outros materiais esportivos fica mais fácil analisar os movimentos dos pacientes e estimular o desenvolvimento de eventuais dificuldades.

Pedrinelli lembra que se em outros ambientes os portadores de paralisia cerebral sentem-se excluídos por diversos motivos, no Instituto de Ortopedia do HC eles não só participam de jogos e brincadeiras. "Todo fim de ano fechamos com chave de ouro nosso trabalho, com a realização dos Jogos Anuais de Terapia Esportiva. Uma espécie de olimpíada para eles", afirma.

Atividades para os pais

Enquanto as crianças se exercitam durante 1h30 na Terapia Esportiva do HC, os pais ou cuidadores assistem a palestras de saúde, participam de debates sobre diversos temas e podem, até mesmo, fazer atividades físicas. "Temos programação para toda a família", finaliza.

Publicado por Assessoria de Imprensa em

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