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Instituto de Saúde realiza I Seminário Internacional Juventudes e Vulnerabilidades

14 de junho de 2017

 

 

 

Nos dias 7 e 8 de julho foi realizado no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, o "I Seminário Internacional Juventudes e Vulnerabilidades: homicídios, encarceramento e preconceitos" um iniciativa do Instituto de Saúde (IS) realizada com o apoio de mais de 50 coletivos culturais e políticos da cidade de São Paulo.

 

Com o intuito de apresentar uma fundamentação teórica ao público, levantar diferentes pontos de vistas e discutir a respeito do juvenicídio e das vulnerabilidades sofridas pelas populações indígenas e afrodescentes no continente americano e as consequências refletidas nas condições da juventude desses grupos marginalizados pelo governo, além de debater sobre a atual política de drogas, o sistemas carcerário e os meios de comunicação, a programação dos dois primeiros dias do evento contou com mesas redondas que discutiram os temas: O Juvenicídio nas Américas; A cor dos Homicídios; Os meios de comunicação como fomentadores do medo e do racismo e os movimentos de resistência; Encarceramento em Massa: Símbolo do Estado Penal; Criminalização de juventudes e as políticas de drogas; e Racismo Institucional.

 

 

 

Para expor experiências e estudos a respeito do tema, foram reunidos diversos ativistas, intelectuais nacionais e internacionais, porta vozes de periferias, representantes de movimentos, representantes de órgãos públicos e a sociedade civil. Entre eles o pesquisador do Departamento de Estudos Culturais do Colégio da Fronteira Norte, do México, e autor do conceito de ¿juvenicídio¿, José Manuel Valenzuela Arce, que apresentou os dados referentes ao juvenicídio praticado na Colômbia que apresenta um cenário muito parecido com o brasileiro.

 

Também participou o advogado e membro da Coordenação Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Dinamam Tuxá, que expôs a situação dos indígenas em relação ao genocídio moral e mental que tem resultado em suicídios em massa praticado por jovens das tribos e falou sobre a proximidade da luta de índios e negros. "O Estado é feito para controlar e impor, dizer o que é certo e o que é errado sem compreender a diversidade. Essa diversidade incomoda, e quando incomoda ela gera conflito, um conflito que sempre sobra para o lado dos mais fracos: a comunidade indígena, a comunidade negra, as comunidades quilombolas, enfim, as comunidades vulnerabilizadas. Nós enquanto movimentos devemos fomentar e fortalecer essa ideia de unificação de pauta, pois o genocídio é praticado em todos os espaços", expõe Tuxá.

 

Já no âmbito do genocídio vivido pela população negra em periferias brasileiras, participaram Raul Santiago e Renata Trajano, representantes do Coletivo Papo Reto do Complexo do Alemão, do Rio de Janeiro, e da militante Katiara de Oliveira, integrante do Coletivo Kilombagem. Entre as mesas redondas, o espaço foi aberto para intervenções sociais, políticas e artísticas que deram voz a sociedade civil.

 

A pesquisadora do Instituto de Saúde e organizadora do evento, Marisa Fefferman, falou sobre a importância da discussão promovida pelo seminário para as lutas do movimento negro e do movimento indígena. "O mais importante nesse seminário foi a possibilidade de ouvir as várias vozes de um mesmo fenômeno. O mundo acadêmico se dissocia do movimento social, que por sua vez se distancia dos sistemas de justiça, que se separam das vítimas e dos familiares envolvidos nessa situação, e essa falta de comunicação faz parecer que o inimigo somos nós, enquanto na verdade o inimigo é uma sociedade desigual, preconceituosa e racista. O ganho de ouvir todos os lados foi muito importante, pois não foi apenas uma intervenção falada, mas também corporal e contextualizada que possibilitou uma interlocução entre vários movimentos, várias vozes e vários pontos de vista", comenta Marisa.

 

O último dia do seminário teve como sede a Escola de Samba Combinados de Sapopemba, na Avenida Sapopemba, na capital paulista, onde os participantes, munidos de informações e conteúdos adquiridos durante o seminário, puderam colocar os conhecimentos em prática por meio da elaboração da proposta da construção de um Observatório de Proteção e Resistência aos Juvenicídios/Genocídios no Brasil. A apresentação das propostas elaboradas por grupos que tiverem como ponto de partida diferentes vertentes da população negra, possibilitou a criação de uma rede que visa lutar por diferentes necessidades dessa população.

 

Além de dar continuidade a rede formada por meio do seminário com reuniões entre os coletivos envolvidos para a sistematização das propostas, também serão elaborados outros produtos em consequência do evento. "A proposta que temos como produtos do seminário são produções audiovisuais que possam ser disponibilizadas para a sociedade, um livro em que possamos discutir os indicadores de violência relacionada a saúde e os indicadores do racismo sofrido pela juventude negra e indígena pobre enquanto propiciador de sofrimento mental e físico e um Boletim do Instituto de Saúde (BIS) sobre o tema abordado no seminário para produzir conhecimento", completa a pesquisadora.

 

 

Núcleo de Comunicação Técnico-Científica

 

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